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Sujinho mas abençoado

Sujinho mas abençoado

por Lari

A Índia, assim como tantos outros países que fogem dos padrões de higiene que estamos acostumados, são tachados como sujo e uma ameaça para nossa saúde, mas quando você chegar lá, tente deixar isso em segundo plano e dê importância para o que realmente importa, a imersão cultural. Até porque, se mais de 1 bilhão de pessoas vivem nesses padrões, você vai conseguir sobreviver nas suas férias, né?

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Estamos sendo sinceros, você vai encontrar sujeira. O fato deles não terem um sistema de saneamento básico afeta muito o país e, visualmente, assusta os turistas. Mas pegue leve no julgamento e tente entender certas coisas. Por exemplo, uma mancha no lençol do hotel muitas vezes não significa que está sujo de verdade. Na Índia praticamente tudo é lavado a mão e com sabão, são manchas que mão não consegue tirar.

Algumas dicas ajudam, claro. Beba sempre água potável, prefira frutas que tenham casca, ande sempre com seu álcool gel na mochila, não olhe para dentro da cozinha do restaurante (essas coisas é melhor nem ver, só sentir o sabor), e lembre-se que tudo são padrões pré-estabelecidos. Se no Brasil a coisa funciona de um jeito, não há problema algum que Índia a coisa funcione de um jeito oposto, é só diferente, então tome as devidas precauções, desvie do cocô da vaca e curta sua viagem. E saiba que tudo tem um lado bom, ó: Sua saúde vai voltar mais resistente e cheia de novos anticorpos. 🙂

Índia: o país que posa pra você

Índia: o país que posa pra você

por Lari

A Índia é um país que deixa qualquer pessoa, mesmo que com zero intimidade com a câmera fotográfica, afim de capturar cada momento. Não sei se é porque tudo é tão diferente, tão colorido, tão intenso, mas é ver para crer, ou melhor, para clicar. Eu gosto de dizer que a Índia está sempre posando pra você, para qualquer lugar que você olhar, sempre vai ter alguém, alguma coisa, um objeto, uma vaca, um desenho, um templo para chamar a sua atenção. Sair  da nossa rotina e chegar num lugar assim, nos deixa interessado pelas coisas mais simples do outro: uma rua, uma reza, um rio, uma fachada de loja, as mínimas coisas viram imagens.

Quando a gente fica cara a cara com uma situação extremamente diferente do que estamos acostumados, as primeiras coisas que fazemos é estranhar e julgar, pule essas etapas e vá para a próxima: A curiosidade. Seja curioso no lugar, explore o país ao máximo e aprenda qualquer coisa com essas diferenças. Ver como vive o nosso vizinho do outro lado do mundo pode ser incrivelmente interessante e transformar tudo isso em fotos, mais ainda.

Se você é fotógrafo ou ama fotografia, vem fazer uma imersão fotográfica na Índia, uma parceria da Vem Comigo Para Índia + o fotógrafo Juliano Coelho. Agora se você busca uma imersão cultural mesmo, confere aqui todos os roteiros que preparamos de outubro/2017 até março/2018. Vem com a gente e volte cheio de histórias pra contar. 🙂

Para ver as fotos que já fizemos pela Índia, segue nosso instagram: @vemcomigoparaindia

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A buzina que fala

A buzina que fala

por Lari

Na Índia não importa se é em uma cidade grande ou pequena,  o trânsito é muito, mas muito caótico e pra completar tem a cerejinha do bolo, a buzina e em algum  momento do seu dia de turista, você será impactado por ela.

Diferente do Brasil que sempre tem um que outro estressadinho que fica buzinando em meio ao trânsito, na Índia a relação com a buzina é diferente e todos usam esse magnífico acessório pra comunicar alguma coisa: Usam na estrada cheia de curvas pra avisar o camarada que ele tá indo, usam pra empurrar o companheiro pro acostamento, usam também pra dizer “saí da frente porque eu tô passando” e usam até, ao meu ver, pra nada. Sim, o trânsito pode estar fluindo, sem nenhum obstáculo que mesmo assim alguém vai buzinar. Acho que deve ser por causa do adesivo atrás de todos os caminhões  escrito “horn, please” (buzine, por favor).

Mas eu tô contando isso para avisar você: Leve fones de ouvido pois você vai precisar e não se estresse. Para conhecer um lugar diferente a gente tem que aprender a conviver com essas diferenças.

Ah, vejam um pocket show disso que eu tentei explicar. Até parece que os carros são movidos a buzina e não a gasolina.

*Vídeo feito pelo Sound Spirit Yoga, da Austrália.

Banheiros indianos: você vai ter que encarar

Banheiros indianos: você vai ter que encarar

por Lari

Na Índia os marajás não sentam no trono, eles acocam mesmo. Hoje em dia em restaurantes, hotéis mais turísticos e trens você encontra as duas opções, indian style, que  falando em um português bem claro nada mais é que um buraco no chão e o western style, que é a nossa provada normal de cada dia. Geralmente nenhuma delas têm papel higiênico, no máximo um balde com água e um potinho pra se limpar. É daí que vem o costume de sempre comer e cumprimentar com a mão direita: a mão ‘limpa’. A  esquerda é pro trabalho sujo.

Pra completar, o homem indiano mija em qualquer lugar. Sabe carnaval no Rio de Janeiro que tem gente fazendo por todo lado? É isso só que o ano inteiro. O que é feio pra gente, não é nada estranho pra eles. Tanto é que todas cidades tem mictórios ao ar livre mesmo, sem porta nem nada e algumas vezes no meio de ruas bem movimentadas, tipo esses:

Bom, você não vai ter como escapar de pelo menos uma vez durante a sua estadia enfrentar um banheiro desses, ou então esse clássico da foto abaixo, quando o oriente encontra o ocidente,  uma privada que você pode subir e ficar acocado, tosco porém eficaz.

Não esqueça: todos perrengues viram sempre uma boa história pra contar. 🙂

Vou te dar motivos para conhecer a Índia

Vou te dar motivos para conhecer a Índia

por Lari

Você deve estar pensando: por que eu devo trocar meus 20 dias de férias na praia para visitar a Índia? Ok, eu sei que é difícil trocar a boa vida da praia, mas baseada na minha própria experiência, vou te dar motivos.

Mesmo com toda a sujeira, bagunça e buzina, a Índia é um país que não deve ficar de fora da sua lista de viagens. Dizem que logo de chegada esse país pode despertar no viajante duas sensações distintas: amor à primeira vista ou vontade de ir embora. Se a segunda prevalecer, fique. Vai por mim.

1. Choque Cultural

A Índia é um país diferente do Brasil em todos os sentidos. No jeito de vestir, de falar, na relação mulher/homem, na maneira de comer, na relação com a religião, na estrutura das cidades, então prepare-se para mexer com as suas convicções e deixar todos os pré-conceitos de lado e embarcar de verdade em uma imersão cultural. Você vai voltar para casa com a sensação de ter sido chacoalhado na melhor das maneiras.

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2. Templos, templos e mais templos.

Acho que o que você vai mais ver é templos e eles são lindos, coloridos, cheios de vida e história. Diferente das igrejas que estamos acostumados no Brasil, onde o silêncio impera, nos templos os devotos cantam,  fazem refeições e na maioria das vezes não tem muito silêncio não.

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3. Gastronomia

Nada como ser fisgado pelo estômago. Se você gosta de temperos você vai se deliciar com as centenas de opções. Currys, gulab jamum, dhal, malai kofka, panner masala, tá esse post não só sobre comidinhas, então vou parar a lista por aqui. Outra coisa interessante é comer com as mãos. No início é um pouco estranho, você não sabe como pegar a comida sem se sujar como uma criança comendo papinha, mas comer com as mãos aguça mais os sentidos, você sente não só sabor mas também a textura e ainda faz você se sentir um quase-local.

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4. Dindin

A Índia é um país muito barato para comer, para dormir, para entrar em pontos turísticos e claro, para fazer o bazar inteiro caber na sua mochila. Vale muito a pena e valerá mais ainda depois que você aprender a pechinchar comigo.

5. Chai

Ok, um cafézinho vai bem, mas lá você vai entender que toda hora é hora de chai.

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6. Viajar de trem

Viajar de trem é uma experiência única. Ter contato com os locais e observar a maneira que eles se locomovem faz uma viagem não ser um mero deslocamento.

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7. Yoga

Para quem já pratica ou mesmo quem ainda não tentou, esse pode ser O lugar. Aulas de todos os níveis, cursos de todos os tipos, lugares com vistas incríveis, tudo isso pra você voltar com uma nova atividade na bagagem – e mais flexível, é claro.

8. Bazares

Se você gosta de bater perna até se perder, reserve dias, pois você vai precisar. A Índia produz coisas lindíssimas e cada estado tem o seu artesanato, tudo muito bem feito que você vai querer levar um pedacinho daquele país com você. Guenta, mochilão!

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9. Tuk-tuk

Esse simpático triciclo vai ser o seu meio de locomoção pela cidade quando você não quiser caminhar, como ele é todo aberto você consegue fazer boas fotos quando estiver andando nele e se você der sorte de pegar um motorista tão simpático quanto o próprio tuk-tuk, sua aventura na cidade estará completa e provavelmente vai ganhar mais um amigo no Facebook.

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10. Tudo junto ao mesmo tempo agora

Você vai dividir espaço nas ruas com cachorrinhos, macacos, vacas, carros, tuk-tuks, pessoas e, alguma vezes, até com elefantes. Pode parecer estranho, mas acredite: é uma coisa inusitada que vai render histórias para você dividir com seus amigos curiosos sobre “mas o que você foi fazer nesse país estranho?”.

E só mais uma coisinha: Não se desespere se alguma coisa não sair como você planejava, lembre-se que tudo vai acabar virando uma boa nostalgia.

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Essa dúvida cruel: sou mulher e quero conhecer a Índia

Essa dúvida cruel: sou mulher e quero conhecer a Índia

por Lari

Puxa uma cadeira e senta aqui. Agora um papo de mulher pra mulher – quem tá escrevendo sou eu, a Larissa.  Tenho que ser sincera, no início não foi fácil ser mulher e viajar pela Índia, mas foi melhor do que eu esperava.

Para você que nunca foi à Índia, deixa eu te contar uma coisa: Não acredite somente no que você vê na televisão. As notícias que chegam aqui no Brasil a respeito da Índia são muito superficiais e a maioria negativas sempre relacionadas a estupro e a pobreza. Se você  conversar com outras viajantes e buscar informação de verdade, vai entender um pouco mais e chegar lá não tão assustada e esperando pelo pior. A Índia é um país populoso, ou seja, todos os índices serão altos: abortos, violência contra mulher, estupro, e toda coisa ruim que você pode imaginar, os problemas todos são grandes em números. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IWTC (International Women’s Travel Center), que estudou os piores países para mulheres viajarem, a Índia lidera, mas o Brasil vem logo atrás.

Parece mentira mas eu me sentia mais segura em caminhar nas ruas de lá do que aqui. Acho que deve ser pelo fato de que, se tratando de caminhar nas ruas, no Brasil, os problemas são mais intensos sabendo que as chances de você ser assaltada são altíssimas, e  lá o povo é muito tranquilo em relação a isso, ninguém vai enfiar a arma na sua cara por causa do seu telefone.

Bom, eu nunca tive nenhum grande problema quando estive lá, apenas algumas situações que me deixavam desconfortáveis, e que depois de um tempinho eu tirei de letra. Para isso, eu segui algumas regrinhas básicas.

Primeira coisa: Lá você é a estranha, a exótica, a diferente e não eles (apesar de você achar e parecer o contrário).

RESPEITO
A base de qualquer coisa. Respeite. Você será a minoria, por mais que muitas coisas não façam sentido, tente não julgar. Você não foi até lá para mudar uma cultura milenar.

ACEITE O OLHAR
Eles vão olhar para você. Homens, mulheres e crianças. Muitas vezes até demais, e é um pouco irritante no início, mas é um olhar muito mais de curiosidade do que outra coisa. Tudo em você vai chamar a atenção deles, é normal. Só não deixe isso estragar a sua viagem.

COM QUE ROUPA EU VOU?
Vista-se de uma forma modesta e discreta: Camiseta, calça larga. Evite leggings, regatas ou blusinha de alça e, se usar, leve sempre um lenço para cobrir os ombros. Mesmo sob o calor de 42 graus você nunca vai ver uma indiana vestindo shortinho, então não ouse.

Minha dica: Compre um sari. Você vai levar um tempinho até pegar a pratica de como vestir um, mas depois vai se sentir mais em casa e vai fazer muitas amigas indianas. Quando eu usava o meu, elas sempre paravam para elogiar e faziam o sinal de “ok” pra dizer que tava bonito.

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REPARE
Olhe, observe, veja como as mulheres indianas se comportam. Você não precisa agir como elas, mas a partir dessa observação você começa a entender o que pode ou não fazer. Bom senso.

ÓCULOS ESCUROS
Parece bobagem, mas funciona. Quando você estiver caminhando pelas ruas, use óculos escuros. Isso vai ajudar a evitar o contato olho a olho quando  estiver caminhando e passar pelos grupos de homens que certamente vão olhar para você.

Todas as vezes que eu senti que os olhares não eram apenas de curiosidade eu sempre perguntava “O que você tá olhando?” eles sempre pediam desculpas e saíam. Não estou dizendo para você chegar lá e enfrentar todo mundo, mas lembre-se que a mulher indiana é muito submissa, os homens não estão acostumados com uma mulher que fale esse tipo de coisa, então se você se sentir desconfortável, é válido falar.

GRITE
Se você alguém vier falar e você se sentir ameaçada, grite. Certamente ele sairá correndo ou as pessoas ao redor irão ajudar você.

E se depois de tudo isso, você for até lá e tiver algum problema, saiba que eventualidades podem acontecer, mas não odeie um país por causa de uma situação desagradável. Mas se ainda assim você odiar, tudo bem. Pelo menos você foi, conheceu e tirou suas próprias conclusões. Nada melhor que ir ver e sentir de perto. 🙂

Viajar de trem é uma viagem

Viajar de trem é uma viagem

por Lari

Viajar entre uma cidade e outra pela Índia é uma coisa que demanda tempo, seja de ônibus, táxi ou trem. Viajar de trem não é um mero deslocamento, pode ser uma experiência cansativa, mas uma grande experiência. Tudo é lento, no tempo que deve ser. Se atrasar, atrasou. Se chegou na hora, que maravilha! Você escolhe pra onde vai dar atenção primeiro: o tiozinho do chai, o povo se deslocando, os vilarejos por onde o trem passa, a vista da janela.

A maioria dos trens indianos tem 5 categorias, divididas assim:

General: Shiva-nos-acuda, esse é o vagão que entra quem quer e senta quem pode. É a opção mais barata e, geralmente, eles vendem mais bilhetes do que números de assentos. Os caras conseguem dormir inclusive no espaço que é reservado para mochila.

Sleeper Class: Essa você compra o bilhete e tem seu lugar garantido e você pode dormir porque quando o sol se vai, os bancos viram 6 camas. Claro que, sem luxo, meio sujinho, mas nada que um lenço umedecido com aroma de flores do campo não funcione. Nesse vagão você consegue observar como os locais viajam e interagir com eles. Grandes famílias levando comidas, homens tomando banho e desfilando de saia, crianças brincando e tentando fazer passar rápido as longas horas de viagem. Grande vantagem: janelas abertas e vento na cara.

AC3: Aqui começam as classes mais, digamos assim, coxinhas. Com ar-condicionado  e “camas” um pouco mais confortáveis e limpas.

AC2: Inclui ar-condicionado e roupa de cama e travesseiro. aqui são só 4 camas, ou seja, menos gente pra dividir o pequeno espaço com você.

AC1: Esse é o mais “luxo” que você vai ter dentro dos padrões de trens comuns na Índia que inclui ar-condicionado, roupa de cama e travesseiro, e uma cortininha para você fechar e ter um pouco mais de privacidade na hora do sono. Ah, dependendo do trem, inclui alimentação.

Para nós brasileiros que somos desprovidos de trem no nosso país pode ser uma experiência chocante ou muito interessante, isso vai depender da maneira que você vai interagir coma coisa toda. Prepare-se com uma boa trilha sonora, livro,  comida, uma roupa confortável e um sorriso no rosto que certamente tudo vai valer a pena.